Houve um tempo em que um ator hollywoodiano de sucesso, com uma carreira promissora na TV, no cinema e no teatro, jamais poderia dizer em público que era gay. Foi a época de luminares como Rock Hudson, James Dean, Sal Mineo, entre tantos outros que viveram e morreram no armário nos anos 40, 50 e 60.
Felizmente, pelo menos no meio artístico norte-americano, essa realidade está mudando. Jonathan Groff, de 25 anos, é um ótimo representante dessa fase. Ator, cantor, compositor, astro premiado de espetáculos musicais, e agora desembarcando na badalada série "Glee", Groff é gay assumido.
Sua sexualidade virou assunto de críticas sobre seu trabalho. O crítico Ramin Setoodeh escreveu um artigo na revista "Newsweek" batizado "Heterossexuais interpretam gays o tempo todo. Por quê o contrário não funciona?" Um dos alvos principais da matéria foi a atuação de Groff em "Glee". Ramin afirma que o ator não consegue disfarçar sua homossexualidade nas cenas da série.
O artigo gerou polêmica e levou Ryan Murphy, criador da série, a pedir o boicote público à revista até que esta se retratasse. Debates à parte, Jonathan obteve sucesso junto aos fãs de "Glee" ao interpretar Jesse St. James, líder do grupo Vocal Adrenaline, rival do New Directions - heróis da série.
Inicialmente, a participação do ator na sitcom musical foi de apenas oito episódios. Mas se depender de pedidos de espectadores, ele deve voltar em mais uma temporada.
Enquanto isso não acontece, é possível ver um pouco do talento, charme e beleza do ator no filme "Aconteceu em Woodstock", de Ang Lee. Jonathan interpreta o hippie-marketeiro Michael Lang, personagem real que produziu o Festival de Woodstock em 1969. As cenas de Lang com o protagonista gay Jake ( Henry Goodman ) deixam no ar um certo clima de atração.
Mas é no teatro que o rapaz demonstra todo seu interminável talento. Ele estrelou a montagem original de "Spring Awakening" na Broadway - versão musical da tragédia alemã "O Despertar da Primavera", escrita por Frank Wedekind em 1891, e montada no Brasil recentemente pela dupla Charles Moeller & Cláudio Botelho -, no papel do protagonista Melchior. Foi indicado ao prêmio Tony, o Oscar do teatro.
Também interpretou o soldado Rolf na montagem de "A Noviça Rebelde", e finalmente Claude Bukowski, o recruta que se envolve com os desbocados hippies de "Hair", na montagem teatral da companhia Shakespeare in the Park, em 2008.
Mesmo diante de tanto sucesso, o ator decidiu se arriscar e declarou ao site "Broadway.com" que "é gay com orgulho", durante a National Equality March em Washington, em outubro de 2009. O evento foi realizado pela classe teatral americana, reunindo atores, produtores e diretores em uma manifestação pacífica pelos direitos civis gays.
Depois de tudo isso, Jonathan Groff acabou listado na 3ª posição da "Hot List" 2010 da revista gay americana "Out", celebrado como um dos talentos a serem acompanhados. De fato.
Jonathan é muito talentoso e achei um verdadeiro absurdo o comentário preconceituoso e homofóbico da revista Newsweek.No mais... este cantor/ator é incrível. Ótima matéria!
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